quarta-feira, 19 de março de 2014

Grandes pilotos do passado: Hellé-Nice a história de uma mulher ousada

Caros leitores, dando sequência aos posts sobre alguns dos grandes pilotos do passado, e que pilotaram os carros que eu retrato em miniatura, gostaria de falar um pouco sobre uma grande mulher e piloto do passado Hellé-Nice.

Hellé-Nice era o pseudônimo de Mariette Hélène Delange, nascida em Ausnay-sous-Auneau na França em 15 de Dezembro de 1900, filha de um funcionário dos correios. Desde cedo com o temperamento rebelde, e muito ousada para as mulheres da época, tornou-se dançarina do Cassino de Paris, onde adotou o pseudônimo, pelo qual ficaria conhecida. Ela tinha muitos amigos homens e talvez por isto, desenvolveu uma paixão por carros. Hellé-Nice no começo dos anos 30 adquiriu uma Bugatti type 35 e começou a participar das competições de automobilismo, na categoria Grand-Prix, e em outras provas importantes. Ela correu lado a lado com os maiores pilotos da época, tais como Tazio Nuvolari, Louis Chiron e Achille Varzi. Ganhou a simpatia do público e dos colegas por sua dedicação e esforço. Em 1934 ela adquiriu um Alfa Romeo 2300 Monza, que foi pintado de Azul (cor oficial da França nas corridas). Em 1936 ela participou do grande prêmio do Brasil, disputado no circuito da Gávea nas ruas da zona sul do Rio de Janeiro, prova conhecida na época como "Trampolim do Diabo". A sociedade do Rio de Janeiro da época ficou um tanto escandalizada com aquela mulher que dirigia automóveis de corrida, usava calças como um homem e ainda por cima fumava !  Ela competiu nesta prova com os grandes nomes do automobilismo do Brasil na época: Barão de Teffé, Carlo Pintacuda e Chico Landi. Terminou esta prova em oitavo lugar, porém deixou uma profunda impressão no público. Os competidores desta prova foram convidados a correr em São Paulo, o grande prêmio da cidade, cujo circuito também de rua, ficava nos limites das ruas Colômbia, Estados Unidos e Canadá, sendo a linha de chegada na Avenida Brasil. O público assistia a estas provas, espalhado pelas calçadas, nas janelas e em todo lugar onde se pudesse ter uma visão melhor. As duas Alfas vermelhas eram as favoritas e saltaram na frente logo na saída, Pintacuda e Marinoni lideravam com folga. Hellé-Nice estava em terceiro lugar, quando parou para abastecer, e ainda assim reassumiu em quarto lugar.  Hellé-Nice vinha recuperando vantagem, e voltou a disputar o terceiro lugar com Barão de Teffé. Os dois carros cruzaram a linha de chegada emparelhados para a última volta, foi quando nesta última volta, que houve uma confusão na platéia, e até hoje não se sabe como, foi arremessado um fardo de feno no meio da pista, e Hellé-Nice bateu nele a 160 Km/h, fazendo com que o seu carro ficasse desgovernado, e capotou duas vezes, atingindo várias pessoas que assistiam a prova. Seu corpo foi lançado para fora do carro, e atingiu um policial, que veio a falecer.  Hellé-Nice sofreu traumatismo craniano. O saldo de vítimas do acidente, foi de seis mortes e trinta pessoas feridas. Após dois meses de internação para cuidar dos ferimentos,  Hellé-Nice após a recuperação, ficou traumatizada com o acidente e nunca mais quis competir. Ela faleceu em 1984 de causas naturais. Ficou marcada para sempre como a primeira mulher piloto, e como uma grande mulher a frente de seu tempo.


 Hellé-Nice

 Hellé-Nice com a Alfa 2300 Monza 

 Hellé-Nice com a Bugatti type 35 

Alfa Romeo 2300 após o acidente em São Paulo 


 Hellé-Nice em pose vitoriosa 


Miniatura da Bugatti Type 35 pilotada pela Hellé-Nice 

MIniatura do Alfa Romeo 2300 Monza pilotado pela Hellé-Nice